segunda-feira, 24 de setembro de 2012

INTERLÚDIO

Mãe e filha andavam no corredor da escolinha...
Ligadas pelos laços invisíveis que unem pais e filhos... as mãos dadas, os andares coincidentes, os olhares voltados pro horizonte... olhar de criança, dona do mundo... olhar de mulher adulta, preocupada com as coisas de adultos...
No rosto de uma, o sorriso incondicional que só as crianças podem ter... sorriso feito de futuro, de chocolate, de ciranda cirandinha, de boneca barbie e festa de aniversário, de arco-íris e borboletas (que são quase a mesma coisa)...
No rosto da outra, um sorriso cansado... sorriso feito das mesmas coisas, porém um pouco gasto pelo tempo, pela passagem dos dias e suas dificuldades...
Embaixo do braço da baixinha, o livro de historinhas... Tempos difíceis, de bruxas e dragões... Mas tão bom aqueles tempos, o príncipe sempre salvava a mocinha, o caçador pega o lobo mau e todo mundo – claro! – vai ser feliz pra sempre!
Em câmera lenta, ela dá um beijo na mãe e entra... Ela coloca o livrinho embaixo do braço e escolhe um banquinho no cantinho da sala. Fica só olhando a meninada... uns chorando... outros pulando... outro no colo da tia... e ela toda calminha... com o semblante tão bom...
A mãe fica com o coração partido... sem porquê, afinal, sua menininha estava feliz...
Talvez ela quisesse se sentar naquele cantinho, e brincar de balanço, desenhar com o lápis de cor azul uma nova realidade, pedir colo pra professora e dormir, no fim da aula, esperando alguém chegar pra lhe buscar... Mas o trabalho espera, não pode chegar atrasada.
Vira as costas, e a máquina-segunda-feira começa a funcionar...

Nenhum comentário:

Arquivo do blog