Ela chegou, rosto corado pela pressa e pela excitação de mais um dia de faculdade.
O caderno, repleto de sua letra ainda adolescente, pulou de suas mãos para a velha estante abarrotada.
O suor escorria por sua pele, ainda tão jovem... Num movimento único, tirou a camiseta e jogou no canto do quarto. Os cabelos negros acariciaram suas costas,e um arrepio involuntário percorreu seu corpo.
Saia, sandália, sutiã, calcinha, meia... tudo pro chão. Correu pro banheiro! A água fria fria lhe fez sentir viva, pulsante. Tinha apenas dezoito anos, a vida inteira pela frente e o mundo aos seus pés. Clichê, mas verdade! Uma maravilhosa verdade.
O cheiro do almoço invadiu seu quarto. Terminou rapidinho o banho. Sabonete, shampoo, condicionador, perfume. Camiseta velha e short larguinho. Voou escada abaixo. Mamãe esperava com a comida prontinha.
Antes de se sentar à mesa, veio à sua mente, como um raio, a lembrança dele... tanto tempo que ele não ligava... uma quase-promessa, uma quase-paixão. Impossível, ela sabia, mas nem por isso menos deliciosa. Ah, se não existissem mulher e casamento na vida dele. Ah, se não existissem irmão ciumento, pai ciumento e mãe ciumenta na vida dela... rs...
Esqueceu com a rapidez característica dos muito jovens. Melhor assim.
O que ela nem suspeitava é que, em sua casa, ele mastigava mecanicamente, sem ao menos perceber o gosto do pedaço de carne. E só pensava em uma menina que acabara de completar dezoito, e que tinha tudo o que ele não tinha: dezoito anos de idade e uma vida inteira à sua frente...
terça-feira, 8 de maio de 2007
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7 comentários:
Coisa típica de ser humano, sempre querer o que não se tem... Beijos!!!!
ai, ai, ai...
ah, que bonitinho! adoro tb as prosas...
bjo
Olá Moacir. Obrigada pelo comentário em meu blog. Seus textos são muito bons, é possível sentir a história como se fosse um teatro à nossa frente. Não consegui explicar melhor. Até mais.
Por alguns momentos, me via nas tuas palavras..
Gostei! =]
beijos!
Adorei a prosa, bemmmm...... muito linda mesmo, parece que retrata A VIDA momentâneamente, passo a passo, como se fosse a conciencia do Ser Humano. Beijos, adorei.
Desencontros, desejos vãos...
Não é assim a vida muitas vezes?
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