terça-feira, 8 de maio de 2007

Vida

Ela chegou, rosto corado pela pressa e pela excitação de mais um dia de faculdade.
O caderno, repleto de sua letra ainda adolescente, pulou de suas mãos para a velha estante abarrotada.
O suor escorria por sua pele, ainda tão jovem... Num movimento único, tirou a camiseta e jogou no canto do quarto. Os cabelos negros acariciaram suas costas,e um arrepio involuntário percorreu seu corpo.
Saia, sandália, sutiã, calcinha, meia... tudo pro chão. Correu pro banheiro! A água fria fria lhe fez sentir viva, pulsante. Tinha apenas dezoito anos, a vida inteira pela frente e o mundo aos seus pés. Clichê, mas verdade! Uma maravilhosa verdade.
O cheiro do almoço invadiu seu quarto. Terminou rapidinho o banho. Sabonete, shampoo, condicionador, perfume. Camiseta velha e short larguinho. Voou escada abaixo. Mamãe esperava com a comida prontinha.
Antes de se sentar à mesa, veio à sua mente, como um raio, a lembrança dele... tanto tempo que ele não ligava... uma quase-promessa, uma quase-paixão. Impossível, ela sabia, mas nem por isso menos deliciosa. Ah, se não existissem mulher e casamento na vida dele. Ah, se não existissem irmão ciumento, pai ciumento e mãe ciumenta na vida dela... rs...
Esqueceu com a rapidez característica dos muito jovens. Melhor assim.
O que ela nem suspeitava é que, em sua casa, ele mastigava mecanicamente, sem ao menos perceber o gosto do pedaço de carne. E só pensava em uma menina que acabara de completar dezoito, e que tinha tudo o que ele não tinha: dezoito anos de idade e uma vida inteira à sua frente...

7 comentários:

Adriádene disse...

Coisa típica de ser humano, sempre querer o que não se tem... Beijos!!!!

Anônimo disse...

ai, ai, ai...

Juliana Marchioretto disse...

ah, que bonitinho! adoro tb as prosas...

bjo

principesca disse...

Olá Moacir. Obrigada pelo comentário em meu blog. Seus textos são muito bons, é possível sentir a história como se fosse um teatro à nossa frente. Não consegui explicar melhor. Até mais.

Paula Negrão disse...

Por alguns momentos, me via nas tuas palavras..
Gostei! =]

beijos!

Sem Pré-conceitos! disse...

Adorei a prosa, bemmmm...... muito linda mesmo, parece que retrata A VIDA momentâneamente, passo a passo, como se fosse a conciencia do Ser Humano. Beijos, adorei.

Saramar disse...

Desencontros, desejos vãos...
Não é assim a vida muitas vezes?

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