domingo, 6 de maio de 2007

Penitência

Veio imediatamente após o barulho. Entrou no quarto e viu o corpo morto do marido, estendido na cama que um dia fora dos dois.
Sangue sobre lençol vermelho. Quase não se via a morte. Apenas adivinhada, a maldita.
O rosto de seu homem continuava plácido como sempre foi. Calmo, tranquilo. Rosto de menino comportado. Apenas um bocadinho mais pálido agora.

Em seu peito, um minúsculo orifício logo abaixo do bolso da camisa. Quase ainda podia ver a vida se esvaindo por ali. Escorrendo lentamente, rego em relva úmida.
A compreensão veio e um grito nasceu em sua garganta.
Enquanto sua voz ecoava pelas paredes do apartamento, no quarto ao lado sua mãe sorria, o cheiro de pólvora ainda quente em seus dedos. Agora podia encarar sua filha nos olhos.

6 comentários:

principesca disse...

Um belo texto cheio de esconderijos ao leitor, escondendo lugares, escondendo sujeitos, escondendo emoções. Que bom acordar no domingo de manhã e ler um texto assim. E obrigada pela visita, volte sempre!

Skin on Skin disse...

Não sei se gostei...a morte por mais justa que seja não vale a pena tirar a vida a ninguem...
Volto...

Beijokas on skin

Anônimo disse...

Excelente texto.

Paula Negrão disse...

Cuidado com as sogras!
hahahaha
estão cada dia mais revoltadas!

beijos

Daniella Baroli disse...

Encontrei teu blog por acaso e já li todos os contos e crônicas postados... adorei.

Bjs!
Voltarei sempre que possível.

Adriádene disse...

He he he. Gosto disso!! Beijos!!!

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